Seguindo o conceito de lançamento de uma segunda parte da história, como visto em Mortal Kombat 11: Aftermath, Mortal Kombat 1: Reina o Caos busca expandir o jogo com uma nova narrativa e personagens adicionais, tentando revigorar um título controverso. No entanto, a expansão acaba repetindo os mesmos problemas que afetaram a experiência principal em eventos que valem um pouco para a nova linha do tempo. A trama de Reina o Kaos começa exatamente onde a anterior terminou, com uma invasão liderada por Bi-Han no casamento de seu irmão, Kuai Liang, que o abandonou após o grão-mestre dos Lin Kuei revelar sua verdadeira natureza duvidosa. Acompanhado por Cyrax e Sektor, Bi-Han é subjugado pelos guerreiros de Liu Kang. Durante o confronto, Cyrax descobre os reais interesses de seu líder e decide se voltar contra sua própria linhagem. Sektor e Sub-Zero são levados a julgamento, mas o evento é interrompido por uma versão titã de Havik, que planeja espalhar o caos por todas as linhas do tempo. Ele sequestra Geras para esse propósito, enquanto Bi-Han, perdendo o controle, vai para trás do vilão, obrigando Scorpion, Cyrax e Sektor a viajarem para a linha do tempo do kaos, na tentativa de resgatar o guardião do tempo e o teimoso líder dos Lin Kuei. Toda a narrativa de Reina o Kaos se passa nessa dimensão distorcida, governada tiranicamente por Havik, que cria um torneio mortal para entreter diversas versões de si mesmo, espalhadas por várias linhas temporais. Imagine algo semelhante ao Conselho dos Kang do universo Marvel, só que no mundo de Mortal Kombat. Embora a história inicialmente tenha como foco o drama de Lin Kuei, especialmente ao envolver Cyrax e Sektor, ela rapidamente se desvia para uma trama isolada. O foco se desloca para Rain e Tanya, que tentam restaurar a ordem após perderem seu império para o Havik titã. Nem a transformação de Bi-Han em Noob Saibot impacta em algo maior, explorando um pouco a relação dele com Scorpion. Havik acaba sendo a aventura de uma narrativa fraca. Em uma franquia com vilões icônicos como Shao Kahn, Shinnok, Onaga, Shang Tsung e Quan Chi, escolha Havik, um personagem pouco marcante da era 3D, como o principal antagonista simplesmente não funciona. Ele é unidimensional, desejando apenas destruição sem qualquer carisma ou design interessante. A estrutura da nova campanha também deixa a desejar. A maioria dos kombates envolve variações visualmente horrorosas do elenco, que entram e saem da trama sem peso algum, prolongando uma história que dura pouco mais de duas horas. Apenas Rain, Tanya (que se destaca como o personagem mais interessante da linha do tempo do Kaos) e uma versão militar e desinteressante de Johnny Cage recebem algum desenvolvimento significativo. Finalizei a história principal de MK1 para concluir esta análise, e devo dizer que apreciei bastante a ideia de um recomeço para o universo da franquia. Ver Liu Kang como o deus do Plano Terreno, assumindo a responsabilidade de reescrever o universo, foi uma escolha interessante. Além disso, as ousadias narrativas, como colocar Kuai Liang no papel de Scorpion e transformar Raiden em um campeão, em vez de seu tradicional posto como deus do trovão, trouxeram um frescor intrigante. No entanto, a armadilha do multiverso derrota o potencial narrativo. Mortal Kombat parece ter medo de seguir em frente, reciclando clichês e fazendo os eventos girarem em círculos para referenciar o passado, em vez de avançar para novos rumores. Sabemos que a era 3D não foi bem recebida na época, especialmente na história, porém isso causou uma ferida que parece que nunca será cicatrizada. O resto da expansão Além da nova história, Reina o Kaos também apresenta três personagens de uma só vez no pacote. Cyrax e Sektor retornam, mas, desta vez, como mulheres e apenas humanas usam trajes tecnológicos, em vez de ciborgues. Independentemente da troca de gênero, que pouco impacta esses personagens, consegui que o design e os movimentos deles fossem bem legais, com destaque para Cyrax, cujas mecânicas de configuração são bem divertidas de executar. O terceiro personagem, Noob Saibot, mantém sua fidelidade ao que se espera de um combatente tão icônico. Com seu clone das sombras, ele se apresenta como um verdadeiro canivete suíço, repleto de movimentos únicos e grande potencial para dominar nas mãos de jogadores experientes. No entanto, em termos de design, ainda prefiro a sua versão do título anterior, especialmente em relação à máscara. A expansão também oferece acesso futuro a mais três personagens convidados: o T-1000, de Exterminador do Futuro; Ghostface, da franquia Pânico; e Conan, o Bárbaro. Apesar de ser uma adição chamativa, o custo da expansão é bastante elevado, saindo por R$ 229,99 no PC e R$ 249,90 nos consoles, o que equivale a quase dois terços do valor do jogo-base.